quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ontem e hoje.

Amei-te até te consumir e até me extinguir. Até apenas o sabor das cinzas ser tudo o que resta na boca. Ficaram as memórias incineradas. Ficaram as cicatrizes de prazer cravadas na lava dos nossos corpos de outrora. Hoje, apenas me contento. Apenas me conformo. Uma prisão perpétua nas tuas correntes. Nem na tua cela pertenço. Nem para ser um simples adereço. Hoje apenas me contento, descontente.

Hoje, entendo. Hoje, percebo. Após tantas noites em claro iguais a esta, a ponderar sempre as mesmas questões sem resposta. Os mesmos inquéritos onde a testemunha não quebra. Judeu na Inquisição que não acolhe a fé. Sim, foi preciso arder mil vezes na fogueira para te rejeitar, deusa cruel. Todas as estátuas de ti jazem quebradas num anexo que não tardará a ser demolido. Hoje, aprendi. A justiça tem que ser uma mulher apaixonada, de tão cega.

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